jeudi 25 août 2016

1991-8-x in REVISTA K - Retrato do Herói, de V. Pulido Valente



1991-8-x in REVISTA K - Retrato do Herói,

de V. Pulido Valente


Algumas curiosidades neste artigo e alguns títulos.


Um livro: « Naissance du Mozambique.Résistances et révoltes anticoloniales (1854-1918) », éditions Pélissier, Montamets, 78630 Orgeval (France), 1984

Um título:


«O grande fulminador»


René Pélissier que lhe deu, num livro recente, mais este heróico nome, compara Couceiro, cujo mandato em Angola não chegou a durar dois anos, aos grandes colonizadores do século: a Lyautey, a Galieni, a Lugard. E já em 1947, o antigo Alto Comissário da República em Angola, o maçon e jacobino Norton de Matos, manifestava a sua «gratidão» e «admiração» pela «obra» de Couceiro e escrevia que se limitara a «seguir» pelo «caminho que ele previamente abrira com passos de gigante».

OUTROS TÍTULOS DO ARTIGO:


  • Couceiro voltou a falar. Ritualmente o jornalista descreveu esse «Nuno Álvares traduzido para português moderno». Magro, seco, nervoso, com a «sinceridade à flor da alma». Em suma, «o carácter no estado agudo»!
  • 5-10-1910: Há vinte e quatro horas que a revolução estava na rua e, tirando duas patrulhas da Guarda Municipal, praticamente só ele a combatera. Como, aliás, dali em diante, praticamente só ele a voltou a combater. A hagiografía posterior de Couceiro atribuiu o facto à bravura e à lealdade do homem. Do pântano da traição e da duplicidade, emergira um artilheiro andante, sem medo e sem mancha, era um Bayard moderno ou, como de costume, «um homem de outros tempos». A história era apenas esta.
  • Governador de Angola (1907-1909): Aceitava diplomaticamente as cerimónias locais: no Mucusso foi «untado» da cabeça aos pés e comeu banha de hipopótamo, que não achou «desagradável»
  • Magul - 1895: Era doutrina militar que uma vez desfeito um quadrado jamais se reconstituía. Mas Caldas Xavier, Couceiro, Eduardo Costa, Raul Costa e Aires d'Ornelas «atiraram-se para a frente do rasgão escancarado» e conseguiram levar os angolários de novo para a linha «ao murro e à cutilada»
  • Os heróis de Àfrica, por definição, desprezavam a política. Enquanto eles serviam abnegada e desinteressadamente a Pátria, os políticos serviam-se a si mesmos à custa da Pátria
  • Morto D. Carlos, o exército não tinha um chefe. Só os «heróis de África» sobressaíam nesta geral desolação e foi naturalmente à volta deles que os descontentes se juntaram
  • 5-10-1910: Com menos de cinquenta soldados, traídos pelos chefes directos e já intimamente vencidos, propôs-se assaltar o Quartel de Artilharia, onde estavam 23 peças e as munições que ele não tinha. Se conseguisse, a revolução acabava.

lundi 15 août 2016

A Taça da Cidade de Diu - 1958

Histórias de há quase 60 anos!





Resposta do Pai à carta (18-8-1958) recebida da Câmara Municipal de Diu anunciando que o seu nome foi dado a uma rua do distrito de Diu.

Companhia Colonial do Búzi
Direcção - Particular
Caixa Postal 68
Beira

Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Diu

Muito agradeço a V. Exa. a comunicação que me foi feita , transmitindo cópia de parte da acta da sessão ordinária dessa Câmara, de 31 de Julho findo, que se refere à decisão de dar o meu nome à rua que vai dos Paços do Concelho à antiga Rua D. João de Castro.
Essa decisão, e as palavras que a exprimiram, traduzem sentimentos de amizade, a que sou extremamente grato, e que considero excessivo prémio ao amor que realmente dediquei a essa Ilustre Cidade e aos meus esforços, quando seu Governador, inteiramente dedicados à grandeza e prosperidade do seu Distrito e dos seus habitantes.

Acompanhei-os num período difícil, partilhando fraternalmente as vossas ansiedades, mas devo reconhecer que às minhas grandes ambições de servir a Cidade não corresponderam resultados proporcionados, talvez por as minhas forças serem inferiores à minha boa vontade e, também pelo escasso tempo de que dispus e limitadas atribuições do cargo que exerci.
No meu Governo, porém, evidenciaram-se, de forma prática, a natural tendência para as relações amistosas entre Portugueses e Indianos, e as suas possibilidades de coexistência, pacífica e digna, no mesmo solo Hindustânico. Penso que é, talvez, por ter assim contribuído para tornar à luz uma verdade, que então eclipsada por poeiras ocasionais, e por essa verdade ser cara ao coração dos Indo-Portugueses, que os de Diu me têm dedicado tão fiel amizade.

Traduzindo o meu reconhecimento, a essa Ilustre Câmara e os sentimentos de amizade que retribuo à Cidade, acabo de oferecer à Associação de Patinagem da Beira uma taça, a que pus o nome sempre glorioso da Cidade de Diu, e que será disputada durante vários anos pelas equipas de hockey em patins deste Distrito.

Peço aceitem esta minha modesta homenagem à Cidade como o preito da minha gratidão e da maior admiração pelo comportamento exemplar dos seus habitantes através os difíceis anos de crise de que estamos agora vendo o fim.

Endereçando aos Ilustres Membros da Vereação e à Câmara os meus cumprimentos, subscrevo-me de V. Exas. com a mais elevada consideração.

Deus Guarde a V. Exas.

14.9.1958

(a) D. Miguel de Paiva Couceiro

A História que descobri mais tarde:

... Estava eu a passar férias no Búzi, com o meu Pai, quando apareceu lá em casa esta linda Taça que iria ser disputada durante alguns anos pelas equipas de hóquei em patins da Província de Manica e Sofala. Até hoje só sabia que ela se chamava "Taça Diu" e que tinha sido desenhada pelo meu Pai...
Mas esta Taça tem de facto uma história curiosa: acabo de "descobrir", no acervo do meu Pai, a história verdadeira que eu, então com 14 anos, certamente não tinha compreendido. Neste acervo encontrei a carta que publico, na qual a Câmara de Diu anuncia ao meu Pai, antigo Governador, que tinha decidido dar o seu nome a uma rua do Distrito.
Mas é na resposta do meu Pai que eu peguei o fio da meada pois é nessa sua carta que descobri que a Taça de Diu representava o seu agradecimento à Câmara de Diu.
Nas suas palavras:
"...Traduzindo o meu reconhecimento, a essa Ilustre Câmara e os sentimentos de amizade que retribuo à Cidade, acabo de oferecer à Associação de Patinagem da Beira uma taça, a que pus o nome sempre glorioso da Cidade de Diu, e que será disputada durante vários anos pelas equipas de hockey em patins deste Distrito..."
Obrigado meu querido Pai por ter guardado tantos documentos que fazem a minha delícia tantos anos mais tarde!
Comentários no FaceBook:

...Quando o meu Pai chegou ao Búzi, em 1953, só havia um velho cinema para distrair a população. Muito cedo o meu Pai contratou jogadores de hóquei da metrópole, a maior parte mecânicos que trabalhavam nas fábricas do Búzi, e assim se formou uma equipa que foi muitas vezes campeã de Manica e Sofala. Foi lá que aprendi a jogar hóquei em 1955. Infelizmente o hóquei acabou com a independência de Moçambique em 1975, mas não sei durante quantos anos essa taça foi disputada no Búzi. Quanto à Índia Portuguesa, penso que não se jogava hóquei. Angola e Moçambique tiveram enormes jogadores nas grandes cidades, mas no Búzi continua a ser um grande mistério pois o Pai não era grande amador de desporto - talvez a ideia tenha vindo de um seu colaborador cujo irmão, Vasco Velez, era antigo internacional de Portugal e foi o primeiro capitão da primeira equipa do Clube Recreativo do Búzi.

Aos poucos, graças ao João Mascarenhas, ao Rui Pinho aos meus velhos amigos do Búzi de que eles fazem parte, vou conhecendo o resto da história: a final do torneio foi entre o CRB (Clube Recreativo do Búzi) e o Ferroviário da Beira. Ganhou o Búzi e a taça ficou durante anos na montra das taças do clube e por lá ficou...

DESSA EQUIPA DO CLUBE RECREATIVO DO BUZI - CLUBE DA COMPANHIA DO BUZI - SEDIADA EM VILA NOVA DE ARRIAGA QUE PERTENCIA AO CONCELHO DO BUZI - CUJA SEDE ERA VILA NOVA LUSITÂNIA , ONDE NASCI COMO OUTROS HOQUISTAS, IRMÃOS SARABANDA , ZECA DA CRUZ ( JA FALECIDO), IRMÃOS LEITÃO, IRMÃOS MENDES, FIZERAM PARTE GRANDES JOGADORES CARVALHO, BICA, VELEZ, VELASCO ( MEU PRIMO E CAMPEAO EUROPEU E DO MUNDO). CANDEIAS ENTRE OUTROS.


vendredi 15 janvier 2016

O Costado Couceiro da 4a. Condessa de Paraty (D. Júlia do Carmo de Noronha) - Pelo Conde de Paraty

O Costado Couceiro da 4a. Condessa de Paraty

Pelo Conde de Paraty

Henrique de Paiva Couceiro, tal como El Cid Campeador mil anos atrás, provinha da pequena nobreza. Dela, ambos, herdaram aquela lealdade para com o seu Rei, pura e isenta - transcendendo a pessoa real. E, ambos, também, elevando-se pelos seus méritos próprios muito acima dos poderosos do seu tempo, o pagaram nos mesmos longos exílios e banimentos.

O Cid foi casado com D. Ximena, sobrinha de Afonso VI, rei de Castela e Leão.
Foi igualmente ao velho tronco de Castela que Henrique de Paiva Couceiro se aliou, ao casar com D. Júlia de Noronha, 4ª. Condessa de Paraty, cuja esclarecida genealogia a mostra 15ª. neta, na varonia, de Henrique II de Castela e Leão.

A genealogia de Henrique de Paiva Couceiro interessa à História esclarecê-la. Muito já está feito e publicado, diga-se de passo. A sua varonia é conhecida até princípios do Século XVI, graças à paciente investigação do meu parente João Guedes Gavicho,  cujo erudito estudo a nossa Revista publicou no n° 3 do ano de 1968.

O apelido Couceiro manteve-se através de vias femininas devido à cláusula que impôs o seu uso aos administradores do vinculo instituído em 1694 pelo Padre Manuel Couceiro. Conhece-se este costado até princípios de Século XV pelas Cartas de Armas e Certidões de Nobreza passadas em 1724, que serviram de base ao estudo de Affonso de Dornellas, publicado de páginas 350 a 364 do II Volume do Elucidário Nobiliárquico.

Porém das ascendências Inglesas e Escocesas da mãe de Henrique de Paiva Couceiro Helena Armstrong-Mitchel, só se conhecem três gerações e seria do maior interesse aprofundá-las.
Mas, agora, aquilo que venho trazer a público é apenas uma linha descendente de Jorge Couceiro, 10° avô de Henrique de Paiva Couceiro e que, através dos Avranches entronca na Case de Valadares.

É este costado Couceiro que mostra a 4ª. Condessa de Paraty ser 13ª. neta do mesmo Jorge Couceiro, primeiro ascendente conhecido de seu marido, que apresento seguidamente:

1 - JORGE COUCEIRO (ou Jorge Couceiro d'Eça), natural da Vila de Ourem, viveu no Século XV, Fidalgo da Casa Real, Comendador da Ordem de Santiago, Vedor da Fazenda da Casa de Bragança Capitão de Ginetes na Batalha de Toro, casou com D. Helena de Alvim, natural de Viana do Castelo e tiveram entre outros:

2 - PEDRO COUCEIRO, natural de Coimbra, casou em Tentugal com N. e tiveram, entre outros:

3a - FRANCISCO COUCEIRO, natural de Coimbra, senhor do Prazo da Torre da Manteigada, passou a viver ao lugar de Quimbres no Campo de Coimbra, aonde casou com N. Foram bisavós do Padre Manuel Couceiro, que instituiu um Morgado cm 1694 com a cláusula de todos os seus administradores se apelidarem de Couceiro e que passou a sua irmã D. Maria Couceiro e aos seus descendentes até Manuel Inácio de Paiva Cabral Couceiro, avô de Henrique de Paiva Couceiro, n° 12 na linha de Couceiros iniciada em Jorge Couceiro.

3 b -  D. JOANA COUCEIRO DE ALVIM, irmã de Francisco Couceiro acima, casou com Lopo de Sousa de Vasconcelos, que viveu em Pombal e tiveram entre outros:

4 - D. ANTÓNIA DA SILVA, casou com D. João de Avranches e Almada,
Comendador de Vila de Rei e de Beja (segundo as certidões dos Couceiros), senhor do Morgado de Almada e Comendador de Bobadela e de Gundar (segundo um artigo de Carlos Pereira Callixto), neto de D. João de Avranches filho primogénito do famoso D. Álvaro de Almada, 1°. Conde de Avranches (por carta de Henrique VI de Inglaterra de 1445) cavaleiro da Jarreteira.
D. João foi capitão de Diu de 1548 a 1551 e morreu em Alcácer Quibir. Tiveram entre outros :

5a - D. ÁLVARO DE AVRANCHES, sucedeu nos Morgados dos Almadas e mais Casa de seu pai. Embarcou para a Índia em 1590, na armada do Viso Rei Matias de Albuquerque, sendo, de 1599 a 1601, Capitão de Sofala, aonde faleceu. Sem geração legítima.

5b – D. GUIOMAR DE AVRANCHES, sucedeu a seu irmão D. Álvaro na Casa de seu pai. Casou com D. Francisco da Câmara Coutinho, filho dos 1°s. Condes de Vila Franca e tiveram:

6 - D. ÁLVARO DE AVRANCHES DA CÂMARA, sucedeu nos Morgados dos Almadas e foi um dos 40 Conjurados de 1640. Casou com D. Maria de Lancastre, filha dos 6°s. Barões de Alvito.

Tiveram entre outros :

7 . D. MADALENA DE LANCASTRE E AVRANCHES, sucedeu nos Morgados dos Almadas. Casou com D. Miguel Luiz de Menezes, 1° Conde de Valadares (1.702), representante da Antiga Casa de Vila Real. Tiveram entre outros:

8 –D. CARLOS DE NORONHA, 2° Conde de Valadares. Casou com sua prima D. Maria de Lancastre, filha de Luiz da Cunha, senhor de Povolide. Tiveram, entre outros:

9 - D. MIGUEL LUIZ DE MENEZES, 3°. Conde de Valadares. Casou com D. Maria de Castelo Branco, filha dos 2°s. Marqueses de Alegrete. Tiveram entre outros:

10 . D. ÁLVARO DE NORONHA E CASTELO BRANCO, 5° Conde de Valadares.
Casou com D. Teresa de Noronha, filha  dos 2°s. Marqueses de Angeja. Tiveram, entre outros:

11 - D.  JOSÉ LUIZ DE MENEZES. 6°. Conde de Valadares. Casou com sua prima D. Luiza Josefa Maria de Noronha, filha dos 5°s. Marqueses de Angeja  Tiveram entre outros:

12 - D. MIGUEL RAFAEL ANTÓNIO DO CARMO DE NORONHA AVRANCHES CASTELO BRANCO, 3° Filho, 1° Conde de Paraty (1813). Casou com D. Francisca Quintina de Menezes, filha dos 1°s. Marqueses de Valada. Tiveram, entre outros:

13 - D. JOÃO INÁCIO FRANCISCO DE PAULA DE NORONHA, 2° Conde de Paraty. Casou com D. Francisca da Cruz Lacé Pedrosa, filha de António José Pedrosa, Fidalgo da Casa Real. Tiveram, entre outros:

14 - D. MIGUEL ALEIX0 ANTÓNIO DO CARMO DE NORONHA (1850-1932), 3° Conde de Paraty. Casou com Izabel de Souza Botelho Mourão e Vasconcelos, filha dos 2°s. Condes de Vila Real, Morgados de Mateus. Tiveram, entre outros:

15 - D. JÚLIA DE NORONHA, (1873-1941) 4ª Condessa de Paraty, que, por morte na infância de seus dois irmãos D. João e D. Fernando, foi a herdeira de seu pai. Casou com Henrique de Paiva Couceiro (1862-1944).

NOTA - Os elementos genealógicos referentes às 5 primeiras gerações são colhidos das Cartas de Armas e Certidões de Nobreza dos Couceiros, de 1724, acima referidos. Os elementos referentes às gerações seguintes são sobejamente públicos. A filiação materna de D. Álvaro de Avranches (5 a), Capitão de Sofala é confirmada num artigo da autoria de Carlos Pereira Callixto, publicado no jornal "Notícias", de Lourenço Marques, de 29-6-1960, da série « Figuras e Factos da História de Moçambique», sob o título "D. Álvaro de Abranches um herói da Índia que veio morrer a África como 33° Capitão de Sofala e Moçambique". Não conheço, porém, a fonte de onde Carlos Pereira Callixto colheu este dado.